Após a morte de Esdras, sua viúva, Hilca Papi Baptista, passou anos organizando os filmes, divulgando e mantendo o acervo. Tentou arduamente arrecadar fundos governamentais ou privados para preservá-la, sem sucesso. A história de sua dedicação ao acervo, mesmo diante de dificuldades financeiras, está bem documentada em reportagens jornalísticas como a apresentada abaixo.
Ela também conduziu a finalização de um documentário sobre Graciliano Ramos, para o qual Esdras e Markos vinham gravando entrevistas, já em vídeo. O filme foi realizado em parceria com a Escola de Comunicação da UFRJ (ECO/UFRJ), com apoio cultural da RioArte, vinculada à Secretaria Municipal de Educação e Cultura do Rio de Janeiro. As filmagens de Graciliano, realizadas por Esdras e Hilca em 1952 no final da sua vida, são as únicas imagens em movimento do escritor, e o filme conta com locução de Francisco Milani e roteiro e seleção de imagens de Hilca. Além de ser a primeira tentativa bem sucedida de Hilca de utilizar as imagens de Esdras, foi também uma tentativa de conseguir dinheiro para que eles pudessem realizar o “sonho” de organizar o acervo – Hilca pretendia reverter a bilheteria das exibições do filme para a preservação do acervo. A estreia do filme foi realizada no campus da Praia Vermelha da UFRJ no dia 9 de dezembro de 1992.
Hilca faleceu em 30 de outubro de 2013. Seu filho único, Markos, faleceu em 20 de dezembro de 2018.
Em outubro de 2019, Paloma, filha única de Markos – e única neta de Esdras e Hilca – foi contatada pelo professor Rafael de Luna Freire e gentilmente doou o acervo para o LUPA. Em uma kombi, todos os filmes foram transportados do local onde estavam encaixotados, no Méier, para Niterói, para serem organizados e preservados.
A maior parte do acervo é de rolos 16mm, negativos e positivos, preto-e-branco e coloridos, mudos e sonoros. Há também algumas filmagens domésticas em Super 8, e algumas poucas cópias, sobretudo dos filmes realizados para o INPS, em S-8 ou 35mm. Em sua maioria, os rolos são de imagens não montadas, mas organizadas tematicamente, embora também haja negativos e cópias de obras finalizadas, como filmes técnicos, médicos e institucionais feitos para o INPS. O acervo também tem cerca de quinze fitas de vídeo U-Matic e Betacam com telecinagens de rolos do acervo feitas nos anos 1990, além de dezenas de rolos de som magnético e fitas cassete com gravações sonoras.
O material começou a ser organizado no segundo semestre de 2019 pelos integrantes do LUPA e alunos do curso de cinema da UFF e do PPGCine-UFF.
A partir das ações contínuas dos integrantes do LUPA-UFF, trabalhos para a organização da coleção continuaram a ser feitos, mas foi apenas em 2021, quando os projetos “Cinema como crônica sociopolítica: Acervo Esdras Baptista” (projeto de extensão da PROEX – Pró-reitoria de Extensão da UFF) e “Esdras Baptista Produções: inventário, catalogação e pesquisa do maior acervo cinematográfico em película de Niterói” (aprovado no 2º Edital de Fomento ao Audiovisual de Niterói) foram aprovados, é que foi possível realizar um processo de análise mais abrangente da coleção.